quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A ORIGEM DE HEY JUDE: A ICÔNICA CANÇÃO DOS BEATLES

(Foto: Getty Images/Reprodução)

Escrita por Paul McCartney e lançada pelos Beatles em 1968, a canção “Hey Jude” se tornou um dos mais imortais clássicos do século XX, como uma parte de nosso repertório universal: é incrível imaginar que houve um mundo e uma época em que “Hey Jude” e seu “na na na” simplesmente ainda não existiam. A icônica gravação foi lançada como mais um compacto dos Beatles, e rapidamente foi consagrada como hino — em muito, graças a seu inesquecível coro final.

Originalmente intitulada “Hey Jules”, a música foi escrita como um diálogo entre Paul e Julian Lennon, filho de John com sua primeira mulher, Cynthia, a fim de consolar a criança, à época com 5 anos, durante o divórcio dos pais. Paul visitou Cynthia e seu afilhado e, no caminho, enquanto dirigia e pensava no que diria ao garoto, começou a cantarolar.

(Imagem: Internet/Reprodução)

Lançada como o lado A do compacto que trazia a engajada (e igualmente sensacional) “Revolution”, de Lennon, em sua outra face, “Hey Jude” viria a se tornar a música dos Beatles a ficar mais tempo no todo das paradas americanas, ocupando o primeiro lugar por nove semanas ininterruptas, com oito milhões de cópias vendidas.

Para o lançamento, os Beatles, que já não se apresentavam ao vivo havia dois anos, prepararam um vídeo em que tocavam diante de uma plateia junto de uma orquestra. Do impactante início, com o jovem Paul olhando diretamente à câmera, entoando a melodia com o título da música, até o fim, tudo no clipe tornou-se histórico, e a exibição dessa apresentação em programas de TV fez de “Hey Jude” um sucesso instantâneo.

Há, porém, esse momento em especial, que até hoje, nos shows que McCartney segue fazendo, que faz de “Hey Jude” um dos grandes, se não o maior, momento da música pop: sua parte conclusiva, de longos quatro minutos; a coda que convida a plateia a entoar seu “na, na, na…” até repetir o mote da música, em uma explosão catártica e emocional.

A adesão do público da primeira vez se deu à convite da banda, com a plateia invadindo o palco para cantar, e esse convite se estende até hoje – como o mais simples dos épicos, uma canção pop memorável que, no entanto, nunca acaba: não há um show de Paul em que a multidão não cante, em lágrimas, esse final. Trata-se de um momento de sincera comunhão, mesmo em épocas tão polarizadas, em que o maior compositor popular de todos os tempos convida o mundo a se reunir em um só canto. Quase sem letra, praticamente sem palavras, com não mais que três acordes e uma melodia simples. Falando diretamente ao coração.

O fato de trazer “Revolution” em seu lado B – provavelmente a mais politizada das canções dos Beatles – parece ressaltar o sentido de tal comunhão como uma parte essencial, efetivamente política, da canção. “Hey Jude”, afinal, foi lançada no auge de 1968, um dos anos mais conturbados de todo o século XX.

Há algo de efetivo e emocionalmente direto (e, por isso, político no sentido micro e humano da palavra) em convidar, naquele momento da história, o mundo todo a cantar junto uma melodia, sem maiores mensagens que a própria união, a superação da dor – transformando uma canção triste em algo melhor.

Há de ser um prazer especial para um compositor, possuir em seu repertório uma peça capaz de fazer um estádio inteiro cantar junto em qualquer lugar ou época, de forma tão uníssona e natural quanto o final de “Hey Jude”. O samba tem como tradição esse tipo de refrão – em que uma melodia somente é entoada, sem letra, para que o público cante junto – mas, pelas barreiras culturais e linguísticas, lamentavelmente tal estilo não chega com tanta força ao resto do mundo.

Assim, “Hey Jude” se tornou não só um símbolo da maturidade de Paul como compositor – que tinha somente 26 anos quando o compacto foi lançado – e dos Beatles como banda, mas também se confirmou como esse convite perpetuamente aberto para que o mundo possa, ao menos pelos 4 minutos finais da canção, se unir irrestritamente.

E o mundo vem aceitando o convite, assimilando a mensagem que a canção oferece em suas estrofes, e, enfim, praticando o que a letra sugere, de que não carreguemos o mundo nos ombros, ao menos durante seu coro de encerramento – forjando, em uma espécie de parceria com todo o planeta pelos últimos 50 anos, o mais impactante momento da história da música pop.

Via Hypeness

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