(Reprodução/Wikipédia)
Cacareco foi um rinoceronte do Zoológico de São Paulo que, nas eleições de outubro de 1958 para vereador da cidade, ganhou cerca de 100 mil votos.
À época, a eleição era realizada com cédulas de papel e os eleitores escreviam o nome de seu candidato de preferência.
Getúlio Vargas havia morrido.
O governador de São Paulo era Adhemar de Barros, uma espécie de antepassado político de Paulo Maluf.
O eleitorado estava revoltado com a Câmara Municipal que não estava se comportando muito bem.
Em razão disso Cacareco foi um dos mais famosos casos de voto nulo em massa da história da política brasileira, uma vez que se tornou o "candidato" mais votado do pleito: o partido mais votado não chegou a 95.000 votos.
O rinoceronte Cacareco, era na verdade uma fêmea, apesar do nome.
Ele estava nas notícias porque saíra do Rio de Janeiro, emprestado por seis meses, para abrilhantar a inauguração do Zoológico de São Paulo.
Os seis meses iam se passando e os paulistas cogitavam a ideia de dar um calote e não devolver o rinoceronte.
A ideia de lançar o animal como candidato teria sido do jornalista Itaboraí Martins, em protesto contra o baixo nível dos outros 450 concorrentes.
O fato se tornou notório e serviu como referência para várias análises de percentuais no Brasil de voto nulo e dos chamados votos de protesto.
Houve uma adesão gigantesca à candidatura de Cacareco e várias gráficas, de brincadeira, imprimiram cédulas com o nome do bicho.
Muita gente achou legal ir pra rua e fazer campanha em nome do rinoceronte.
Sua excelência, o rinoceronte Cacareco nem pode comemorar.
Dois dias antes da eleição, o bicho foi devolvido para o zoo do Rio, sem muito alarde, como um anarquista subversivo.
Poucos anos depois, o rinoceronte vereador morreu prematuramente, antes de completar dez anos de idade.
Cacareco ganhou até as páginas da revista Time.
Risadinha - Cacareco é o Maior (1960)
O caso inédito do Cacareco serviu de tema para uma marchinha criada por Risadinha para o Carnaval de 1960.
“Ca-ca-ca-ca-re-co…
Cacareco, Cacareco é o maior…
Ca-ca-ca-ca-re-co…
Cacareco de ninguém tem dó…
Eu encontrei o Cacareco…
Tomando chope com salsicha e rabanada…
Mas lá no bloco da vitória ele gritava…
Aqui, Gerarda, aqui, Gerarda.”…
[Por Risadinha]
Ouça o áudio daquele tempo
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